o sambista partideiro perfeito para a TV

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o sambista partideiro perfeito para a TV


Arlindo Cruz (1958-2025), o “sambista perfeito”, morreu nesta sexta (8). Ícone do samba a partir das rodas do Cacique de Ramos e do Grupo Fundo de Quintal, o compositor tem uma ligação rara com a TV brasileira.

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Arlindo Cruz, o "sambista perfeito" (Instagram)

De riso fácil e hábil na improvisação, Arlindo foi tardiamente descoberto pela televisão. Foi somente em 2008 que sua caneta foi, de fato, usada com mais afinco comercial na telinha. Tudo começou com o comediante Hélio De La Peña, do Casseta e Planeta, transformando-no em um expediente frequente da TV Globo para a produção de vinhetas comemorativas. Depois, passou a figurar como elenco do programa “Esquenta!”, apresentado por Regina Casé e que visava acolher a audiência das classes D e E.

Um compositor pronto para a TV; pouco visto nela, porém

Após o sucesso da dupla Arlindo Cruz & Sombrinha nos anos 1990, Arlindo — como o samba em geral — parecia sofrer os agouros de um mercado em decadência. E, de alguma forma, foi afetado mesmo. Sua discografia ficara mais espaçada, por exemplo. Entre 2000 e 2017, lançou apenas três álbuns de inéditas (“Sambista Perfeito”, de 2008, “Batuques e Romances”, de 2011, e “Herança Popular”, de 2016). No entanto, suas composições ainda encontravam lugar nas rádios e nas rodas de samba. Foi nesta década que compôs grandes sucessos como o hino suburbano carioca “Meu Lugar” e “O Bem”.

Desse período, destacam-se os álbuns ao vivo “Pagode do Arlindo”, “MTV Ao Vivo”, “Batuques do Meu Lugar”, além de “2 Arlindos”, gravado com o filho Arlindinho.

Arlindo era (pouco) visto na TV apenas em programas de entrevista durante temporadas de divulgações dos trabalhos musicais. Foi uma característica natural sua que o aproximou de um global e, assim, tudo fez mais sentido na relação dele com a telinha.

Arlindo Cruz e um casseta

Além de ter caneta de fogo, Arlindo aporrinhava seus amigos para que insistissem no ato de compôr. Essa característica fez com que figuras dispostas a entrar nessa pilha se aproximassem. Helio de La Peña, foi um deles. Com encontros que revezam tentativas de samba e gozações do rubro-negro sambista contra o comediante botafoguense, a parceria construiu o começo de uma ponte que levaria Arlindo Cruz a ser reconhecido com um partideiro capaz de fazer sambas para a família brasileira, que estava no sofá vendo televisão.

“Viramos uma família. Até que um dia ele me mostrou um rascunho de um samba que passeava, com humor, por nomes da Globo. Coisas como ‘Renato Sorria’, ‘Tony Erramos’. Eu achei que a Globo gostaria disso”, diz Helio em vídeo tributo ao sambista. Como resposta, a Globo encomendou um samba que deveria apresentar a grade da programação, em 2008.

“Pelo menos ele sabe fazer samba! Pelo menos alguma coisa de preto ele sabe!”, dizia rindo Arlindo sobre o comediante. A fórmula perdurou por cinco anos na TV e Arlindo se consolidou como uma figura televisa, coroada com a cadeira cativa que tinha no programa “Esquenta!” — do qual também foi responsável pela trilha de abertura.

Graças a TV e com ainda mais visibilidade, atingiu novos públicos. Em 2007, viu Maria Rita popularizar seus sambas em rádios voltadas para a MPB. A cantora transformou a inédita “Tá Perdoado” em sucesso, além de regravar hits como “O Que É O Amor”. Da turma mais nova, foi também regravado por Diogo Nogueira, Fabiana Cozza, Zélia Duncan, Seu Jorge, Paula Lima, Marcelo D2, Xande de Pilares, entre outros.

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